Você já deve ter ouvido falar sobre herpes, pois é uma condição comum entre a população e conhecida como “cobreiro”. Porém, sabia que existem vários tipos dessa doença?
Neste texto, vou explicar sobre herpes simples e a herpes zóster, que são infecções causadas por vírus distintos, mas pertencentes à mesma família, o Herpesviridae.
Apesar de compartilharem algumas semelhanças, essas enfermidades possuem diferenças significativas quanto à manifestação, tratamento e prevenção.
Vamos descobrir os detalhes e, principalmente, como se proteger desses vírus? Continue lendo e confira.
Herpes simples
Para começar, vou esclarecer sobre o herpes simples, que é gerado pelo Herpes Simplex Virus (HSV), subdividido em dois tipos:
- HSV-1: associado principalmente a infecções orais, como o herpes labial;
- HSV-2: relacionado predominantemente a infecções genitais (trata-se de uma infecção sexualmente transmissível).
Esse vírus é altamente contagioso e transmitido, principalmente, por contato direto com lesões ou fluidos corporais de uma pessoa infectada, como durante as relações sexuais.
Herpes zóster
Já o herpes zóster é causado pelo vírus varicela-zóster (VZV), o mesmo responsável pela catapora. Após a infecção inicial, que costuma ser na infância, o VZV permanece inativo nos nervos do corpo e pode ser reativado anos mais tarde.
Isso acontece, geralmente, em situações de enfraquecimento do sistema imunológico. A reativação resulta em uma erupção cutânea dolorosa e bem característica, que irei explicar mais abaixo.
Quais são os vírus causadores?
Mencionei os nomes dos vírus do herpes simples e zóster, mas vale a pena entender mais aprofundadamente sobre eles.
O Herpes Simplex Virus (HSV) é um vírus de DNA, que infecta principalmente a pele e as membranas mucosas.
Após a infecção inicial, ele entra em estado de latência nos gânglios nervosos, podendo ser reativado em momentos de estresse, imunossupressão ou exposição a fatores desencadeantes, como luz solar intensa.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 67% da população de todo o mundo vive com esse microrganismo no corpo. Enquanto isso, o Ministério da Saúde brasileiro estima que de 13% a 37% dos brasileiros com HSV-1 ou HSV-2 irão apresentar os sintomas em algum momento da vida.
Já o VZV, do herpes zóster, também é um vírus de DNA e pertence à mesma família que o HSV. Após causar a catapora na infância, o vírus permanece latente nos gânglios das raízes nervosas dorsais ou cranianos.
Atenção aos sintomas do herpes
Herpes simples e zóster apresentam alguns sintomas diferentes. Vou listar os grupos de incômodos gerados por cada tipo de vírus.
Sinais de herpes simples
- pequenas bolhas dolorosas ao redor dos lábios, frequentemente precedidas por coceira ou formigamento, que podem se romper e formar crostas;
- lesões ou úlceras na região genital, associadas a dor, coceira e, em alguns casos, febre e mal-estar;
- infecções nos olhos (ceratite herpética).
Existe ainda o herpes neonatal, que é uma infecção grave em recém-nascidos, transmitida durante o parto, afetando múltiplos órgãos. Por isso, as gestantes devem ser testadas para identificar o vírus no organismo e, assim, receber os cuidados necessários para evitar a transmissão.
Desconfortos do herpes zóster
- dor e formigamento: geralmente em um lado do corpo, antecedendo o surgimento das lesões;
- erupção cutânea: lesões de pele agrupadas;
- neuralgia pós-herpética: uma condição caracterizada por dor persistente mesmo após o fim das lesões. É uma complicação que pode atingir, especialmente, os idosos.
O herpes zóster mostra sua gravidade quando vemos dados de que, em 2023, cerca de 2,6 mil pessoas foram internadas no Brasil em razão da doença, de acordo com um levantamento do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH).
Os tratamentos do herpes
A boa notícia é que é possível tratar e amenizar os sintomas do herpes simples e zóster. Os cuidados são similares, com medicamentos antivirais, analgésicos e corticoides prescritos pelo médico infectologista.
Além disso, é preciso manter as lesões de pele limpas e secas, para evitar infecções secundárias. No caso da forma simples da doença, tenha atenção para não confundi-la com acne e tentar espremer as feridas.
Os pacientes que desenvolvem a neuralgia pós-herpética podem precisar ainda de outros medicamentos mais complexos, a fim de aliviar as dores.
Como se proteger?
Felizmente, é possível se proteger contra os vírus. Para o HSV-1 e HSV-2, eu recomendo aos meus pacientes:
- evitar contato com lesões, especialmente durante surtos ativos;
- usar preservativos em todas as relações sexuais (vaginal, oral e anal);
- controlar os gatilhos, como estresse e exposição solar;
- em caso de crises frequentes, fazer o uso dos antivirais prescritos.
Para o herpes zóster, temos como aliadas as vacinas contra a varicela (a catapora), que é aplicada durante a infância. Há ainda um outro imunizante específico, indicado para adultos acima de 50 anos, que reduz significativamente a incidência e gravidade da doença.
Também é essencial manter hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, exercícios físicos e sono de qualidade, que contribuem com o bom funcionamento do sistema imunológico.
Não tente tratar herpes simples ou herpes zóster sozinho
Você percebeu que herpes simples e herpes zóster não são apenas “machucados” na pele. Os vírus têm o poder de gerar desconfortos severos. Portanto, devem ser tratados pelo especialista, ou seja, o médico infectologista.
Caso você apresente os sintomas ou tenha alguma dúvida a respeito dessas condições, procure ajuda.


