A busca pela beleza é parte natural do cuidado com a autoestima e bem-estar. No entanto, com tantas técnicas disponíveis, surgem dúvidas legítimas: será que é possível contrair HIV em procedimentos estéticos?
Como infectologista e pós-graduada em dermatologia, quero esclarecer suas dúvidas com base nas evidências disponíveis e garantir que você se sinta segura para tomar decisões informadas.
Confira no material abaixo:
O que é o HIV e como ele é transmitido?
O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é transmitido principalmente através de:
- Relações sexuais sem preservativo (anal, vaginal ou oral em contextos de risco);
- Transfusões de sangue contaminado;
- Compartilhamento de agulhas ou seringas contaminadas;
- Transmissão vertical (da mãe para o bebê, durante a gestação, parto ou amamentação).
Outros fluidos, como saliva, lágrimas, suor, urina ou fezes, não transmitem HIV, a menos que estejam visivelmente contaminados com sangue. Contato casual, como abraços, apertos de mão, uso de toalhas ou copos, também não representa risco.
Casos reais: transmissão de HIV em procedimentos estéticos
Embora raro, casos de transmissão de HIV em procedimentos estéticos ocorreram. Um exemplo notável foi o chamado “vampire facial” (face de vampiro) nos Estados Unidos.
Três mulheres (e outros casos correlatos) foram infectadas com HIV após passarem por esse procedimento em um spa não licenciado no Novo México. A técnica envolve coletar sangue do próprio paciente, centrifugar para obter o plasma rico em plaquetas e, em seguida, aplicar esse plasma no rosto usando microagulhas.
A investigação identificou práticas inseguras, como o uso de agulhas ou seringas já usadas anteriormente e o manuseio impróprio do sangue do paciente, que permitiram a transmissão do vírus.
A partir disso, o Departamento de Saúde do Novo México passou a recomendar que todos os clientes que tenham realizado procedimentos de injeção (como vampiro facial ou botox) naquele estabelecimento façam testes de HIV, hepatite B e C, mesmo que já tivessem testado negativo anteriormente.
Em suma, procedimentos mal realizados, com falta de higienização e reutilização de insumos podem tornar possíveis, sim, casos de transmissão de HIV. Contudo, esses eventos são extremamente raros e não refletem os protocolos adotados por clínicas regulamentadas.
Procedimentos estéticos em ambiente seguro: qual é o risco real?
Se realizados em ambiente seguro, com profissionais qualificados e todos os protocolos de biossegurança respeitados (agulhas e seringas descartáveis retiradas da embalagem na sua frente, materiais de uso único e esterilização rigorosa) o risco de transmissão de HIV é praticamente inexistente.
Isto é: um procedimento corretamente feito não coloca o paciente em risco de infecção, desde que todos os materiais sejam novos e descartados após o uso e o local siga regulamentos sanitários.
Como você pode se proteger?
- Escolha um profissional qualificado e um local é regulamentado;
- Exija materiais descartáveis e abertura em sua frente. Agulhas, seringas e ponteiras de microagulhamento devem ser novas e abertas apenas quando você estiver presente;
- Evite estabelecimentos improvisados ou baratos demais. Preços muito baixos podem esconder falhas graves no controle de infecção;
- Questione os protocolos de biossegurança. Cumprimento de superfícies limpas, uso de EPIs, descarte adequado etc;
- Em caso de dúvida ou exposição, procure orientação. Se houver suspeita de exposição após um procedimento (por exemplo, uso de agulha em mais de um paciente), é fundamental consultar um médico imediatamente para avaliação e possível indicação de profilaxia pós-exposição (PEP). A PEP deve ser iniciada o quanto antes, idealmente nas primeiras 72 horas após a exposição.
Infecção por HIV em procedimentos estéticos é raro, mas é importante se proteger
É possível contrair HIV em procedimentos estéticos, mas apenas em situações de negligência sanitária, como reutilização de agulhas ou insumos contaminados.
Por isso, a sua segurança começa na escolha do local e na exigência de protocolos adequados.
Procure sempre um profissional qualificado, que atue com responsabilidade, transparência e cuidados médicos adequados. Assim, você pode cuidar da sua beleza com confiança e tranquilidade.


